Saturada: essa é a palavra que me define nesse momento. E isso não tem nada haver com trabalho, há muito me sinto assim. É um sentimento que surge ora mais forte, ora mais fraco. Veja bem, não é nem uma sensação ruim, ou algo que diminua minha crença na humanidade. Na verdade é um sentimento, que penso muitas vezes ser insano, ou não..., sei lá, parece que estamos sobrecarregados de uma mesmice tão grande que as piores notícias e situações mais degradantes já não nos chocam mais. Digo isso por mim, não me choca mais. E fico abismada internamente por não sofrer o impacto de algo que sei que é grave, porém já se tornou algo comum inserido no cotidiano absurdo que levamos.
Às vezes penso se esta mentalidade não faz parte do realismo que toma conta de mim e avisa para estar preparado ao pior, que também me diz com muita firmeza que o ser humano é por natureza um ser que está enraizado na maldade, propenso a destruição, e que ele vai encarar essa face oculta mais cedo ou mais tarde. Tá! Tudo bem, eu sei que temos 50% de chance para sermos bons, afinal metade de nós repousa na luz e a outra se agita na escuridão.
E todo mundo que crê no melhor fica um pouco revoltado com a possibilidade de alguém questionar que o ser humano não tem jeito, todos somos civilizados não é mesmo? Será? Tire a proteção que te envolve, fique exposto e sinta-se um pouco ameaçado para ver se o instinto de sobrevivência não te fará correr, bater e tomar atitudes insanas. Sobre pressão e cercados pelo medo, tudo muda, o que fazia muito sentido cinco minutos atrás agora simplesmente não importa mais. E é justamente perante situações extremas que o ser humano mostra sua verdadeira face, sendo capaz das maiores babáreis. E detalhe, que os outros envolvidos na mesma corrente do “bem” é que proporcionaram a este à pressão que destruiu seus sonhos, seu mundo certinho e perfeito. Assim, quantos todos os dias que ouvem notícias horríveis e que se compadecem por alguns minutos não desmoronam quando são atacados por esta realidade, que só parecia acontecer na televisão. Afinal é “um pouco” diferente ver a desgraça acontecer com os outros e depois senti-lá na pele. É bem diferente, não é mesmo?
O mais louco é que quando você se vê na merda, cheio de problemas, todo mundo some. E sozinho você logo percebe que se não achar uma solução, ninguém irá. É chato estar com alguém problemático, não é? Cheio de inseguranças e confuso? Logo você se irrita e vai procurar alguém mais decidido com a chamada personalidade. Acredito que este afastamento acontece principalmente pelo medo de se infectar com o problema do próximo, ou o fato de ter que fazer algo pra ajudá-lo se torna mais do que um motivo para sair de cena. Tá certo que existe gente que abusa da nossa boa vontade, mas estou falando de uma reação natural de repulsa (que pode ser leve ou forte) que sentimos daquele que se aproxima de nós trazendo más noticias e problemas. Afinal ninguém gosta que alguém estrague nossa felicidade. E se gosta, então eu diria que você tem problemas!
Gosto muito de filmes estilo sessão da tarde, recheados de super aventuras e turmas do barulho que explodem de felicidade nos finais mais que felizes. Entretanto, hoje, me vejo muito mais interessada em histórias que trabalham e questionam as problemáticas do ser humano, seu comportamento, seu lado bom, seu lado ruim. Evidenciando mais a verdade e não a ilusão, mostrando realidades mais possíveis, mesmo que duras e difíceis de aceitar. Mesmo assim, no meu coração sempre haverá um espaço para filmes melosos e com finais felizes, afinal gosto de momentos de alegria. Porém, para construí-los de maneira verdadeira é preciso encarar a realidade de fato que vivemos, para até sabermos, que o que sentimos e vivenciamos é real e não uma fantasia. Assim sou a favor de finais felizes e também dos surpreendentes, dos tristes, dos estranhos e dos chocantes no pior sentido, porque não? Afinal a vida é feita de todos esses elementos. Ou você ainda acredita que no final do arco-íris existe um pote de ouro?
Insight de saco cheio, talvez um pouco confuso, talvez não.
2 comentários:
Logo você se irrita e vai procurar alguém mais decidido com a chamada personalidade. Eu também observo isso. Pessoas mais "definidas", que sabem exatamente a que vieram, são mais queridas mesmo. As dúvidas sempre incomodam, no final das contas.
Filmes realistas são bons. Principalmente porque, em sua maioria, não são maniqueístas. Por outro lado, cinema é arte e arte tem sua liberdade: pode-se mostrar um sonho, uma esperança, a fim de plantar isso no coração dos espectadores. Seria bom rever Amélie Polain, acho bem "equilibrado".
Beijo.
Primeiro, obrigada por ter colocado a definição de cliché lá no "arroz". Eu tava realmente sem inspiração e sem vontade aquele dia.
Com relação ao seu texto, eu confesso que sinto isso quase sempre, um incômodo por perceber que certas coisas já não me chocam. E fico me achando meio doida, fico até com medo de estar sendo meio anormal, ao perceber certas coisas e não ter reações que eu esperava serem diferentes. Mas é que o mundo tá tão doido, tudo parece permitido, tudo parece normal. Nos fazem acreditar nisso o tempo todo, usando algo que eu defino como lavagem cerebral... e acabos caindo. E acabamos ficando assim. O pior é quando alguma coisa consegue realmente te abalar e você percebe que ninguém mais se abala... esse é o momento em que você passa a despertar a insensibilidade dentro de si. Achoq ue é onde surge o problema. Esse arco-íris não está mais no lugar faz muiiito tempo...
Beijão!
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