segunda-feira, 31 de março de 2008

Olhando para cima...


Deitada na grama, na cama, no chão, na terra, na rede, na areia, os pensamentos voam: imagens, palavras, músicas, cheiros, sentimentos. Os momentos de quietude revelam sempre algo interessante, nos permite um profundo mergulho, e assim descobrir um pouco mais dos mistérios que cada um de nós carrega em si: o de sua própria essência. Relaxada, tranqüila, serena, com a paz de espírito pulsante, vejo praticamente diante dos meus olhos o vento passar, as árvores lá em cima se movimentam ora suavemente ora agitadamente, parecem conversar umas com as outras (é tão bonito). Passarinhos cantam e interagem uns com os outros, azuis meio amarelos, verdes meio vermelhos, cores que indicam a vida. A natureza em minha volta (até no comigo ninguém pode* que fica na varanda) respira, eu posso sentir quando o ar é inspirado e expirado, posso sentir que há vida. O céu azul, tão azul, que dói nos olhos criando a imagem de vários pontos de luz que se movimentam como pequenos insetos (como pequeninas fadinhas) dando àquele instante uma atmosfera de pequena magia. Bem te vi....bem te vi é o que escuto ao longe. Bem te vi mais umas dez vezes (esse pássaro é realmente insistente). Fecho os olhos.

Os efeitos do sol fazem com que eu, com os olhos serrados, veja uma imensa combinação de cores (azul escuro, rosa claro, amarelo, verde, azul claro, roxo, vermelho lilás), elas se movimentam e se transmutam numa velocidade amena (gostosa de se observar) parece um grande evento cósmico. Nele eu vejo rostos que passam rápido diante de mim, vozes suaves, sussurros, uma música tranqüila (acordes de flauta e de pianos despertam uma energia calma que suaviza meus movimentos) de repente, a visão que antes estava embaçada, ganha uma nitidez maior. Aos poucos posso ver um jardim, não, uma plantação de uvas. É tudo tão verde e posso por alguns segundos sentir com intensidade o cheiro das uvas verdes graúdas e maduras. Num impulso viro o rosto para outra direção e vejo uma enorme plantação de tulipas (de todas as cores), na verdade suas cores se misturam e se movimentam num campo que mais parece um tapete de flores, as cores que nelas estão começam e emergir (sair, ou melhor, se replicar) e assim começam a colorir o céu (É tão lindo) sinto meu corpo quente. É quando vejo que também estou envolvida por todas aquelas cores, por toda aquela energia. Sinto uma grande sensação de bem estar. Eu sei que estou sonhando, eu tenho a consciência que o que eu vivo naquele momento não é real ao toque terreno, mas acontece e se registra em mim de alguma forma, ou será um reflexo da minha forma, da minha forma interior, do meu mundo interior?!? Não importa, só o que interessa agora é o enorme bem estar que sinto. Não é algo novo, mas faz algum tempo que não sinto (é como aquela saudade que você sente de algo da infância). Suavemente sinto um toque (é tudo muito rápido) quando percebo sinto um grande abraço, depois sinto como se mais pessoas me abraçassem ao mesmo tempo (é tão aconchegante), sinto uma enorme alegria (algo que é contagiante e ao mesmo tempo tão sereno, tudo tão sem pressa). Abro os olhos.

É difícil enxergar, sinto uma preguiça boooaaa, aos poucos o que era muito claro vai se adaptando, a nitidez chega e consigo ver as fadinhas novamente. Elas se movimentam e tranqüilamente se incorporam ao azul tão azul, que está acima de mim, e somem sem deixar pistas. Fico piscando por algum tempo pra ver se elas voltam, mas não. Tudo bem. Isso já aconteceu antes, outra hora elas voltam. Por um breve instante, lembro do sentimento de alegria e serenidade que senti a pouco, e misturado com ele veio uma grande saudade de algo que não sei explicar, chego a sentir uma dorzinha no coração (é a saudade dói), mas o que acontece quando não se sabe, ao certo, do que se sente falta. Por outro instante me preocupo...


...e depois esqueço.

Insight inspirado num cochilo.

____________________________________
* Comigo Ninguém pode: pra quem não sabe é uma planta que muitas pessoas tem em casa, para a proteção contra más energias. :P

quarta-feira, 5 de março de 2008

Divagações de uma transeunte imaginativa.



A certeza da caminhada começa com uma sensação ofegante, uma pequena preguiça do caminhar que antecede ao seu acontecimento. O caminho é reto e nele há algumas elevações que consigo ver ao longe. É cedo, o sono ainda se camufla dentro de mim e meus pensamentos flutuam sobre a paisagem que passa de forma rápida ou lenta demais.

Vozes ao longe e perto, risadas, bocejos, uma música acanhada saindo de um carro com a porta aberta (Será que ele não tem medo de assalto?). Uma empregada canta baixo enquanto a vassoura parece ajudar com o ritmo, como um instrumento de percussão. Todos parecem estar em movimento e eu também.

Os passos iniciam-se devagar, pouco segundos depois o ritmo acelera de forma mais agradável. A igreja que antes era aberta e sem proteções agora exibe grades em toda sua volta, pedreiros ouvindo rádio e falando de futebol se aglomeram na parte externa gradeada. (Eles parecem mais felizes que o morador do prédio ao lado, que a pouco saiu estressado em seu Honda Civic).

Árvores por todo o caminho, ultimamente muitas folhas mortas no chão. (Hummm outono, tão bonito, tudo laranja, anunciando o recomeço, anunciando que a morte não é fim, e sim apenas o fim de um ciclo – Hei! Mas já é outono? A gente não estava no verão O___o. Porque as folhas estão caindo agora?).

O sol está queeeente, mesmo cedo já dá pra sentir o calor intenso, mas o dia está lindo, céu azul, poucas nuvens, perfeito. (Eita, as folhas! Deve ser o aquecimento global). Pessoas caminhando, andando de bicicleta, crianças e mais crianças, indo para o colégio (Hummm cheirinho de banho tomado, elas caminham felizes conversando e brincando, tudo parece muito divertido. Quantas ali ainda são ingênuas? Quantas ali sabem o que querem da vida? Quantas ali terão oportunidades reais? Quantas irão crescer ? – queria apertar algumas... principalmente os mais pequenininhos ownnnnn muito fofos >_<).

Uma mãe passeia com seu filho no carrinho. Ele olha pra mim. (Fofo! Ownnnnnnnnnnnnnnnnnnn bebê, coisa mais linda - como o olhar de uma criança é profundo: tanta curiosidade, alegria, espontaneidade). Acho que sorri de volta pra ele. Em muitos momentos me perco. (Será que falei em voz alta o que pensei, será que cumprimentei mãe... distraída em pensamentos e ações, confundo por alguns segundos fantasia e realidade. Será o sono? Ou será que o excesso de coca-cola está provocando alucinações em mim).

Um mercadinho desponta na esquina do outro lado da rua. Tento atravessar. Paro. Carros passam. Uma pausa. Inspiro. Expirooo. Um raio de sol cega um dos meus olhos. (Cores misturadas parecem construir momentaneamente auras diferenciadas nas pessoas) Prossigo. Os passos desfilam de maneira automática, o ritmo está tão sintonizado que pareço, por segundos, suavemente flutuar. Sinto a animação me contagiando. (Peço aos Deuses um bom dia, parece já ter começado com boas vibrações.). Olho pra cima. (O prédio laranja é tão alto.) Uma pequena topada.Opa! (Momento gota, tudo bem isso acontece.J). Viro a esquina. Cheguei! Sinto que poderia andar mais... (Pow!! Agora que eu tava pegando ritmo >__<).

Insight inspirado à caminho do trab.