quarta-feira, 5 de março de 2008

Divagações de uma transeunte imaginativa.



A certeza da caminhada começa com uma sensação ofegante, uma pequena preguiça do caminhar que antecede ao seu acontecimento. O caminho é reto e nele há algumas elevações que consigo ver ao longe. É cedo, o sono ainda se camufla dentro de mim e meus pensamentos flutuam sobre a paisagem que passa de forma rápida ou lenta demais.

Vozes ao longe e perto, risadas, bocejos, uma música acanhada saindo de um carro com a porta aberta (Será que ele não tem medo de assalto?). Uma empregada canta baixo enquanto a vassoura parece ajudar com o ritmo, como um instrumento de percussão. Todos parecem estar em movimento e eu também.

Os passos iniciam-se devagar, pouco segundos depois o ritmo acelera de forma mais agradável. A igreja que antes era aberta e sem proteções agora exibe grades em toda sua volta, pedreiros ouvindo rádio e falando de futebol se aglomeram na parte externa gradeada. (Eles parecem mais felizes que o morador do prédio ao lado, que a pouco saiu estressado em seu Honda Civic).

Árvores por todo o caminho, ultimamente muitas folhas mortas no chão. (Hummm outono, tão bonito, tudo laranja, anunciando o recomeço, anunciando que a morte não é fim, e sim apenas o fim de um ciclo – Hei! Mas já é outono? A gente não estava no verão O___o. Porque as folhas estão caindo agora?).

O sol está queeeente, mesmo cedo já dá pra sentir o calor intenso, mas o dia está lindo, céu azul, poucas nuvens, perfeito. (Eita, as folhas! Deve ser o aquecimento global). Pessoas caminhando, andando de bicicleta, crianças e mais crianças, indo para o colégio (Hummm cheirinho de banho tomado, elas caminham felizes conversando e brincando, tudo parece muito divertido. Quantas ali ainda são ingênuas? Quantas ali sabem o que querem da vida? Quantas ali terão oportunidades reais? Quantas irão crescer ? – queria apertar algumas... principalmente os mais pequenininhos ownnnnn muito fofos >_<).

Uma mãe passeia com seu filho no carrinho. Ele olha pra mim. (Fofo! Ownnnnnnnnnnnnnnnnnnn bebê, coisa mais linda - como o olhar de uma criança é profundo: tanta curiosidade, alegria, espontaneidade). Acho que sorri de volta pra ele. Em muitos momentos me perco. (Será que falei em voz alta o que pensei, será que cumprimentei mãe... distraída em pensamentos e ações, confundo por alguns segundos fantasia e realidade. Será o sono? Ou será que o excesso de coca-cola está provocando alucinações em mim).

Um mercadinho desponta na esquina do outro lado da rua. Tento atravessar. Paro. Carros passam. Uma pausa. Inspiro. Expirooo. Um raio de sol cega um dos meus olhos. (Cores misturadas parecem construir momentaneamente auras diferenciadas nas pessoas) Prossigo. Os passos desfilam de maneira automática, o ritmo está tão sintonizado que pareço, por segundos, suavemente flutuar. Sinto a animação me contagiando. (Peço aos Deuses um bom dia, parece já ter começado com boas vibrações.). Olho pra cima. (O prédio laranja é tão alto.) Uma pequena topada.Opa! (Momento gota, tudo bem isso acontece.J). Viro a esquina. Cheguei! Sinto que poderia andar mais... (Pow!! Agora que eu tava pegando ritmo >__<).

Insight inspirado à caminho do trab.

3 comentários:

Anônimo disse...

Pow Ingrid, uma das partes mais legais é quando você tá olhando o prédio e leva uma topada. É um puxão de realidade nos devaneios que você relata nesse texto. Adorei! Talvez um dos melhores até agora. Eu acompanhei você em todos os passos, quase como uma testemunha ocular. Só torci um pouco o nariz na parte das crianças, pois sei que muitas delas só têm a cara de santa, no fundo são uns demônios a atazanar a vida dos pais, professores e babás, hehehehe.

Brincadeira, não é tão exagerado assim. Na maioria das vezes.

Beijo.

Lu disse...

Putz, eu FUI contigo ao trabalho...vc pincelou com perfeição a trajetória. Eu vi tudo.
E meu pé tá doendo da topada.

Bjusss =)

Anônimo disse...

PS: Eu tive medo da segunda foto... O.o